Na era digital, o cyberbullying é um dos temas mais importantes nas discussões sociais contemporâneas. Aqui, nós vamos explicar melhor o que é bullying e o que é cyberbullying, os tipos e casos e o cenário do cyberbullying no Brasil.
Tabela de Conteúdo
Cyberbullying é uma modalidade de bullying (um termo do inglês que pode ser traduzido como “assédio”) que consiste na perseguição, intimidação, exposição, hostilidade, ataque e humilhação de uma pessoa – e que geralmente também inclui ações difamatórias e caluniosas.
De origem inglesa, cyberbullying é um termo criado através de outras duas palavras: cyber (de cibernético) e bullying (que pode significar assédio, intimidação, e até agressão, incluindo agressão física).
Dá para resumir o cyberbullying como a prática do bullying nos ambientes digitais. Redes sociais, apps de mensagens instantâneas, jogos online multiplayer, aplicativos de paquera, fóruns e até mesmo seções de comentários de portais de notícias servem como meios para que pessoas com intenções negativas pratiquem o cyberbullying – e essas pessoas são chamadas de cyberbullies (‘’valentões da internet’’).
Em vários casos, o cyberbullying também envolve diversos tipos de ataque cibernético, através dos quais os cyberbullies atacam o dispositivo da vítima com o objetivo de facilitar e intensificar as agressões virtuais (como pela descoberta do endereço de IP da vítima, por exemplo).
A prática de cyberbullying também pode ser dividida em tipos diferentes. Todos possuem a mesma característica, que é a de agredir, perseguir, intimidar, ameaçar humilhar, expor e constranger uma pessoa (ou mais) através de meios virtuais, mas se desdobram de formas diferentes.
É importante saber mais sobre as diferentes categorias de cyberbullying e estas são as principais:
O sexting é uma modalidade de cyberbullying onde os cyberbullies enviam mensagens, fazem publicações ou divulgam material com conteúdo sexual para atingir a vítima. Estas mensagens também podem incluir fotos íntimas (nudes ou deepfakes) da vítima e, em muitos casos, são usadas como chantagem contra as pessoas afetadas pela prática para que os criminosos obtenham certas vantagens (uma ação conhecida como sextortion ou ‘’extorsão sexual’’).
No swatting (que tem este nome por conta da SWAT, uma força policial especial dos EUA), o cyberbullying tem como objetivo fazer uma denúncia falsa contra a vítima, fazendo com que forças policiais se desloquem para o local da vítima, colocando-a em perigo e prejudicando a integridade e a imagem da mesma.
O revenge porn (ou “pornô de vingança”) pode ser uma extensão do sexting ou da sextortion. Em geral, uma pessoa divulga imagens, áudios ou vídeos eróticos íntimos da vítima sem o consentimento dela com o objetivo de expor e atingir a pessoa. Em geral, isto é feito por pessoas próximas, como um(a) ex-namorado(a), noivo(a), marido(a) e amigo(a), mas pode ser feito por qualquer pessoa que receba um material íntimo da vítima.
No Brasil, o revenge porn é crime de acordo com a lei 13.718/18. A exposição da intimidade das vítimas pode gerar uma série de problemas sociais, profissionais, econômicos e psicológicos.
É a ação dos haters (“pessoas que odeiam”) que agem online contra as vítimas. São indivíduos que agem com ódio contra uma ou mais pessoas, usando de métodos agressivos (conversas agressivas, postagens hostis e outras ações com o objetivo de atingir a vítima) nos meios virtuais. Isto geralmente é feito em conjunto e de maneira contínua e consistente.
Há várias práticas usadas nas diversas modalidades de cyberbullying que são tipificadas pelo Código Penal brasileiro e, na prática, fazem com que, no Brasil, o cyberbullying possa se encaixar em diversos crimes:
O cyberbullying gera efeitos extremamente negativos nos indivíduos são atingidos por estas práticas – e também para a sociedade como um todo.
As práticas de bullying e cyberbullying geram aumento de depressão, ansiedade, fobia social, distúrbios alimentares (como anorexia, bulimia e outras distorções de imagem) e também se desdobram em violência física que pode ser cometida tanto por parte de quem pratica o cyberbullying quanto por quem sofre como vítima dele.
No ambiente escolar, o cyberbullying promove segregação, perseguição e hostilidade, e em geral também se associa a formas físicas de violência, prejudicando o desempenho escolar e a integração das crianças, adolescentes e jovens na sociedade como um todo.
Nos ambientes empresariais, ele prejudica o desempenho profissional e gera uma série de problemas para o exercício das atividades e, acima disto, para a saúde mental e física dos alvos do cyberbullying.
A sociedade, como um todo, enfrenta consequências bastante graves ocasionadas pelo cyberbullying, que promove a ruptura do tecido social, o adoecimento dos indivíduos, o aumento da violência e ações que podem reforçar grupos extremistas e de ódio.
Há uma quantidade imensa de ataques virtuais acontecendo todos os dias, o tempo todo ao redor do mundo. Alguns exemplos significativos podem ser usados para ilustrar o quanto a prática de cyberbullying é prejudicial às pessoas e à sociedade.
No Brasil, o cyberbullying é um problema social extremamente grave e preocupante. De acordo com dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2020, 23% de todos os estudantes do país já foram vítimas de bullying e cyberbullying nas escolas.
Entre as motivações do cyberbullying, há o destaque para aspectos do corpo (16.5%), etnia (4.6%) e aspectos faciais (11.6%). A edição de 2020 da pesquisa Global Web Index apontou o Brasil como o segundo país com maior índice de cyberbullying no mundo, atrás apenas da Índia e seguido pelos Estados Unidos.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) de 2019 apontam que um a cada dez adolescentes no Brasil já passaram por ofensa, humilhação, ameaça e outras formas de cyberbullying em ambientes virtuais (como aplicativos e redes sociais). Isto corresponde a 13.2% dos adolescentes do país. Entre as meninas o índice é ainda mais significativo: 16.2% (contra 10.2% dos meninos).
As práticas de cyberbullying no Brasil estão associadas a formas históricas de preconceito e discriminação e o combate à prática precisa incluir uma transformação de conscientização sobre estes modelos estruturais de preconceito.
Os debates sobre o cyberbullying precisam ser tratados de forma aberta e ampla, sem tabus, através de discussões e campanhas informativas.
Os governos devem criar legislações e realizar campanhas de conscientização sobre os danos do cyberbullying (e os riscos das redes sociais em geral), mas esta também é uma tarefa da sociedade como um todo e inclui instituições como escolas (que possuem um papel importantíssimo na formação das novas gerações e nas mudanças culturais), empresas, famílias e demais ambientes.
Uma ação essencial é comunicar o cyberbullying às autoridades competentes. Afinal, ele é um crime. As vítimas precisam receber apoio, inclusive através do registro de boletim de ocorrência com o máximo de informações possíveis sobre o que aconteceu. Os agressores (e os responsáveis, caso sejam menores de idade) precisam ser identificados e devidamente punidos.
É essencial ter atenção e cuidado em relação aos perigos das redes sociais para que ambientes mais seguros possam ser criados. Aprender mais sobre estas plataformas e exigir políticas mais efetivas de combate ao cyberbullying (e outras práticas prejudiciais) por parte das empresas é muito importante para combater e evitar estas práticas.
Em relação ao ambiente familiar, os pais precisam ter total atenção à segurança para as crianças na internet. Afinal, elas são mais vulneráveis e suscetíveis à violência no meio virtual da mesma forma que também são vulneráveis a outras formas de abuso.