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O que é criptografia de ponta a ponta e por que você precisa dela?

Atualmente, diversos programas e aplicativos, como WhatsApp, Telegram e Microsoft Outlook, usam a criptografia de ponta a ponta para garantir a segurança e privacidade das suas informações. Mas você sabe o que exatamente é essa tecnologia? Neste artigo, explicamos em detalhes tudo sobre a criptografia de ponta a ponta.

O que é criptografia de ponta a ponta e por que você precisa dela?

Índice

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O que é criptografia de ponta a ponta?

Definição de criptografia de ponta a ponta

Criptografia de ponta a ponta (E2EE ou “end-to-end encryption”, em inglês) é um processo de segurança que garante maior proteção à troca de dados, assegurando que apenas o remetente e o destinatário tenham acesso ao conteúdo permutado.

Funcionando na base da codificação das informações, essa técnica de criptografia assimétrica é atualmente empregada em aplicativos como WhatsApp e Telegram para aprimorar a privacidade e confidencialidade das mensagens trocadas.

Em suma, com a E2EE, as mensagens ficam criptografadas enquanto percorrem os servidores intermediários e nem o provedor de internet, nem quaisquer terceiros podem acessá-las.

Sem a E2EE, suas mensagens são criptografadas apenas quando chegam em um ponto intermediário do servidor que retira a criptografia. Assim, a entidade que controla os servidores (o ISP – “Internet Service Provider”, o provedor de internet) pode visualizar suas mensagens.

Só que, se você usar uma VPN, esse tipo de conexão se torna muito mais segura, porque o serviço de VPN online criptografa o tráfego de dados e muda seu endereço de IP. Assim, seu fluxo de dados pode percorrer todos os pontos intermediários do servidor de modo seguro e privado.

A criptografia de ponta a ponta é fundamental inclusive para novas tecnologias, como os recursos de passkey que garantem um método eficiente e seguro para autenticação de acessos às contas.

Como funciona a criptografia de ponta a ponta?

O funcionamento da criptografia de ponta a ponta segue alguns passos específicos para garantir a privacidade da comunicação entre seus usuários. Em linhas gerais, ela é baseada na codificação da mensagem direto da fonte e a decodificação apenas no remetente, permanecendo os dados trocados indecifráveis em todo o trajeto que fazem.

De forma mais aprofundada, o processo envolve as seguintes etapas:

  1. Geração da chave. São geradas duas chaves para cada envolvido na comunicação: uma pública e uma privada. A pública é compartilhada com outras pessoas, enquanto a privada é mantida em segredo.
  2. Troca de chaves. Para estabelecer a comunicação, os usuários devem trocar suas chaves públicas. Essa etapa deve ser feita cuidadosamente, por meio de um aplicativo de mensagens seguro, por exemplo.
  3. Criptografia. Uma vez estabelecida a conexão, a mensagem é criptografada segundo a chave pública do destinatário antes de ser enviada. Feito isso, o seu conteúdo se torna totalmente ininteligível e só poderá ser interpretado com a chave privada do destinatário.
  4. Descriptografia. Na fase final, o destinatário recebe a mensagem e, usando sua chave privada, consegue descriptografá-la, tornando-a legível outra vez e permitindo que o usuário consiga interpretá-la corretamente.

Apesar de a criptografia de ponta-a-ponta ajudar a proteger os dados durante a transmissão deles, também é crucial garantir que os receptores sejam seguros. Um passo prático para melhorar a segurança dos receptores é implementar soluções Single Sign-On (SSO), que simplificam os processos de login ao usar um único conjunto de credenciais em diversas plataformas e diminuem vulnerabilidades associadas ao gerenciamento de diversas senhas, o que pode ser explorado por hackers criminosos. Entender como o SSO funciona pode garantir uma camada adicional de segurança ao minimizar pontos de entrada em potencial que podem gerar acessos indevidos.

infográfico: como criptografia de ponta a ponta funciona

Como a criptografia de ponta a ponta se diferencia dos outros tipos de criptografia?

A criptografia de ponta a ponta apresenta algumas características específicas que a diferenciam dos outros tipos criptográficos. Em relação às formas de criptografia simétricas, por exemplo, a principal diferença está na quantidade de chaves usadas no processo. Na técnica simétrica, apenas uma chave é necessária tanto para criptografar quanto para decodificar os dados. Já a criptografia de ponta a ponta, por ser um método assimétrico, utiliza-se de duas chaves: uma pública para criptografar e uma chave privada para descriptografar.

Já quando comparada com a criptografia de dados em trânsito, que pode empregar protocolos como Transport Layer Security (TLS), Secure Sockets Layer (SSL) ou mesmo uma rede virtual privada (VPN), a diferença mais marcante é o nível de proteção. Isso porque, enquanto a criptografia de dados em trânsito se concentra em blindar o canal de comunicação entre os usuários, garantindo que o tráfego entre eles seja seguro, a E2EE mantém as informações protegidas não apenas durante sua transmissão, mas também quando elas são armazenadas em servidores intermediários ou em nuvem.

Onde a criptografia de ponta a ponta é usada?

Embora o uso da criptografia de ponta a ponta tenha se popularizado nos aplicativos de trocas de mensagens, ela é usada em diversos outros serviços e tipos de criptografia. Abaixo estão os casos mais proeminentes do uso da E2EE na atualidade.

Aplicativos de mensagens

Um dos usos mais comuns da E2EE é, decerto, nos mensageiros, onde desempenha um papel crucial por garantir a privacidade e a segurança das conversas dos usuários. Sua importância é tamanha que aplicativos como Telegram, Signal e WhatsApp não perdem a oportunidade de anunciar o seu uso como um diferencial de suas plataformas – inclusive nas versões desktop. Já se perguntou se o WhatsApp Web é seguro? Bom, em termos de criptografia, a resposta é sim.

Chamadas de voz e vídeo

Não é apenas na troca de mensagens de texto que a criptografia de ponta a ponta é empregada. A tecnologia também tem sido vastamente usada em aplicativos de comunicação por vídeo e voz, impedindo que o conteúdo das conversas seja interceptado ou espionado por pessoas não autorizadas. O WhatsApp, por exemplo, é um dos programas que oferece essa proteção para as chamadas de voz e vídeo de seus usuários.

E-mail

Ainda no ramo da comunicação, diversos provedores de e-mail já implementaram em seus serviços a criptografia de ponta a ponta para incrementar a segurança de seus correios.

Nomes como ProtonMail, Tuta, Outlook e Gmail já disponibilizaram a tecnologia em pelo menos uma versão de suas plataformas para tornar seu serviço de e-mail anônimo e mais seguro.

Compartilhamento de arquivos

Outro campo em que a E2EE é bastante usada é no compartilhamento e armazenamento de arquivos. Para além dos já mencionados aplicativos de mensagens, que podem ser usados para enviar e receber documentos e mídias, cabe destaque também as plataformas de armazenamento em nuvem, como o NordLocker, que oferecem uma solução segura e prática de guardar e compartilhar arquivos na internet.

Ferramentas de colaboração

Assim como os serviços de compartilhamento e armazenamento de dados, muitas ferramentas de colaboração também trabalham sob o manto da criptografia de ponta a ponta. Opções como Signal e Wire, por exemplo, oferecem recursos de colaboração que são extremamente seguros e permitem que os usuários trabalhem juntos em documentos compartilhados de maneira criptografada e protegida.

Internet das Coisas (IoT)

Dentro do ecossistema da Internet das Coisas a criptografia de ponta a ponta também já marcou seu território. Garantindo que os dados transmitidos entre os dispositivos conectados à rede estejam protegidos contra acesso não autorizado, a E2EE é usada por diversos aparelhos domésticos inteligentes e sensores industriais para manter a segurança e confidencialidade das informações trocadas.

Transações financeiras

Outro setor fora da área da comunicação que usa a criptografia de ponta a ponta é o das transações financeiras. Com o objetivo de proteger as trocas monetárias em suas plataformas, os serviços e aplicativos de pagamento empregam a E2EE para assegurar os dados de seus clientes durante a realização de seus processos financeiros, garantindo a integridade e confidencialidade das transações.

Registros Eletrônicos de Saúde

A criptografia de ponta a ponta também está presente no campo da saúde, sobretudo na manutenção dos registros eletrônicos de hospitais e clínicas, ajudando a proteger as informações confidenciais dos pacientes contra acesso não autorizado ou adulterações indevidas. Gigantes do ramo, como as empresas Epic e Cerner, já implementaram a E2EE para dar maior confiabilidade a seus serviços e garantir a privacidade dos dados de seus clientes.

Limitações e vulnerabilidade da criptografia de ponta a ponta

Apesar de ser uma ótima solução para maior privacidade das informações trocadas em rede, a criptografia de ponta a ponta não é imune a falhas e problemas de segurança. Abaixo estão as principais limitações da técnica.

  • Segurança das extremidades. A criptografia E2EE não protege as extremidades da conexão. Então, se alguém invadir algum desses pontos, é possível conseguir uma chave pública ou privada, ou simplesmente capturar as informações por meio do seu app;
  • Backups desprotegidos. Alguns sistemas de mensagens podem não criptografar os dados de backup deles. Por exemplo: o WhatsApp oferece criptografia E2EE mas não criptografa as mensagens de backup que o aplicativo armazena nos servidores do Google Drive. Isso significa que a Google pode acessar seu registro de backup. Sempre confira se o aplicativo tem E2EE para todos os processos;
  • Ataques de backdoor. Ataques de backdoor podem acontecer burlando a criptografia. Isso pode ser feito por trojans, malwares ou códigos maliciosos. Assim, hackers podem interceptar seu dispositivo e acessar seus dados.
  • Gerenciamento de chaves. O bom funcionamento da E2EE depende da segurança da geração, troca e armazenamento das chaves de criptografia. Se houver uma falha no gerenciamento dessas chaves, todo o processo pode ser comprometido, com a consequente exposição dos dados criptografados.
  • Engenharia social. Caso o usuário seja vítima de engenharia social e induzido a revelar suas chaves de criptografia ou credenciais de acesso às plataformas ou aplicativos usados, a E2EE não poderá fazer nada para manter a privacidade das informações trocadas.
  • Implementação dos protocolos de E2EE. A implementação dos protocolos é essencial para o bom funcionamento da criptografia de ponta a ponta. Quaisquer falhas ou vulnerabilidades nessa etapa podem servir de porta de entrada para invasores. Por isso, é essencial que haja auditorias e atualizações regulares de segurança para garantir a eficiência desses protocolos.
  • Acesso físico. A criptografia de ponta a ponta protege os dados durante sua transmissão e armazenamento, mas não pode fazer nada quando os dispositivos estão fisicamente comprometidos. Assim, se o criminoso tiver acesso ao aparelho no qual os aplicativos são executados, não há nada que a E2EE possa fazer para proteger as informações ali disponíveis.

A criptografia de ponta a ponta é segura?

A resposta curta para essa questão é: sim, a criptografia de ponta a ponta é segura. Apesar das vulnerabilidades mencionadas acima, a E2EE ainda é uma das ferramentas mais confiáveis para assegurar sua privacidade e sua segurança. Nós recomendamos usar aplicativos com E2EE embutida sempre que possível.

No entanto, não se deve esquecer que a E2EE sozinha não faz milagres e que é fundamental o emprego concomitante das práticas convencionais de proteção online, como evitar anexos suspeitos, e-mails estranhos, downloads inseguros e, claro, lembrar-se de manter as atualizações constantes do sistema operacional e antivírus, usando também um serviço confiável de VPN.

Embora um software de VPN não use E2EE, ele oferece segurança para a comunicação, protegendo-a nos pontos intermediários dos servidores, criptografando os dados que passam por eles.

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O debate da criptografia no Brasil

A criptografia tem enfrentado um momento tenso no Brasil. Se, por um lado, ela fornece uma ótima solução para uma maior privacidade e segurança dos dados no país, por outro, ela acaba dando margem a polêmicas envolvendo investigações criminais.

O caso recente do Telegram é um ótimo exemplo disso. Em abril de 2023, o Telegram foi banido no Brasil por se negar a revelar as informações de certos usuários à Justiça brasileira. Na ocasião, o pedido do judiciário visava a combater grupos extremistas que se comunicavam pelo aplicativo, organizando atos violentos pelo país. Como o serviço de mensagens se negou a fornecer tais dados, acabou bloqueado.

Outro caso emblemático aconteceu em maio 2016, com o WhatsApp, quando mais uma vez a Justiça brasileira solicitou informações ao serviço para dar andamento a uma investigação criminal e, não obtendo uma resposta positiva, promoveu o bloqueio do aplicativo em território nacional.

A discussão sobre quem tem a razão em tais situações é delicada e requer uma boa dose de bom senso. A única certeza que se pode ter, infelizmente, é que esse jogo de interesses divergentes não deve chegar ao fim tão cedo.