National Privacy Test: Portugal no top 3 de países com mais conhecimento sobre cibersegurança

O National Privacy Test (NPT) é um questionário internacional que permite avaliar o conhecimento sobre cibersegurança e privacidade na Internet. É composto por 22 perguntas relacionadas com o risco digital, a consciência de privacidade, e a vida digital diária.

Este ano, o questionário contou com a participação de milhares de pessoas de mais de 170 países diferentes. A nossa análise engloba os 25 países com maior número de respostas, e aponta para diferenças fascinantes entre cada um.

Segundo as respostas obtidas no questionário, foi atribuída a cada país uma pontuação e uma ciberpessoa correspondente.

Antes de explorarmos os resultados de Portugal no NPT, vamos olhar para aquilo que determina a pontuação e ciberpessoa de cada país:

Como se calcula a pontuação do NPT?

A pontuação do NPT é calculada segundo o valor médio de três outras pontuações: risco digital, consciência de privacidade, e vida digital diária. Como o questionário está limitado a 22 perguntas, cada pergunta tem o valor de 4.5%. Quão maior o número de respostas corretas, maior a pontuação do NPT.

O que são ciberpessoas?

Ciberpessoas são grupos de participantes que representam diferentes níveis de conhecimento e habilidades em segurança cibernética com base nas pontuações do NPT.

Estas são as pontuações a que corresponde cada ciberpessoa:

• 1-24%: Cyber Wanderer, ou Cibernauta: Pessoa que não tem um nível satisfatório de conhecimento sobre cribersegurança.
• 24-49%: Cyber Tourist, ou Ciberturista: Pessoa com um nível relativamente bom de conhecimento sobre cibersegurança (mas que ainda é muito limitado).
• 50-74%: Cyber Adventurer, ou Ciberaventureiro: Pessoa com um nível satisfatório de conhecimento sobre cibersegurança.
• 75-100%: Cyber Star, ou Ciberestrela: Pessoa com um excelente nível de conhecimento sobre cibersegurança.

Os resultados do NPT mostram que Portugal está entre os países com mais conhecimento sobre cibersegurança e privacidade na Internet, integrando o top 3 global. Portugal ficou apenas atrás da Polónia, Singapura, Estados Unidos, e Alemanha, com a mesma pontuação da Áustria e do Reino Unido (62/100).

Quais são as principais conclusões do NPT para os portugueses?

A pontuação de Portugal no NPT permite determinar que os portugueses têm um conhecimento sobre cibersegurança muito acima da média. Destacam-se pela criação de palavras-passe fortes e evitam partilhar dados confidenciais nas redes sociais. Contudo, ainda precisam de melhor muito em aspetos relacionados com o conhecimento de ferramentas de cibersegurança:

• A esmagadora maioria dos portugueses (98%) sabe como criar palavras-passe fortes.
• 93% dos portugueses compreendem os riscos associados a guardar os dados do cartão de crédito no navegador.
• Em geral, os portugueses sabem como lidar com ofertas suspeitas de serviços de streaming. Quanto questionados se aceitariam uma proposta para comprar uma subscrição online por um preço inferior ao seu preço atual, 92% disseram não acreditar na legitimidade da proposta.
• 91% dos portugueses sabe que dados confidenciais não devem ser partilhados nas redes sociais. Partilhar a atual localização no Facebook ou Instagram, por exemplo, pode dar azo a imensos riscos—riscos que vão desde o cyberbullying ao roubo de identidade e são conhecidos dos portugueses.
• Em sentido contrário, os portugueses demonstram ter um nível fraco de conhecimento sobre ferramentas online que protegem a privacidade digital (apenas 3%), o comportamento dos seus ISPs relativamente à recolha de dados (10%), ou como proteger a sua rede Wi-Fi em casa (17%).

Ciberpessoas em Portugal

Os resultados do NPT mostram que Portugal é um país onde existem poucas pessoas com um conhecimento mínimo sobre cibersegurança. Apenas 1% dos inquiridos se classificam como Cibernautas, sendo que a maioria dos portugueses está no grupo dos Ciberaventureiros (71%). Numa outra nota positiva, o número de Ciberestrelas (15%) é ligeiramente superior ao número de Ciberturistas (14%).

Principais mudanças desde 2021

Noutro indicador positivo, os portugueses aumentaram o seu nível de conhecimento sobre cibersegurança em vários tópicos relativamente a 2021. Os resultados de 2023 apontam para uma maior consciência em questões como a importância dos termos de serviços, a importância da atualização de software, ou medidas de combate ao phishing.

Em 2021, apenas 21% dos portugueses sabiam a importância da leitura dos termos de serviços de aplicações e serviços online; em 2023, o número subiu consideravelmente (31%).

Melhorias menos evidentes, mas igualmente positivas, verificam-se ao nível do conhecimento sobre os benefícios da atualização de software (de 62% em 2021 para 69% em 2023) e do conhecimento sobre as melhores medidas a tomar ao lidar com ataques de phishing (de 55% em 2021 para 62% em 2023).

No geral, os resultados do NPT revelam que o conhecimento global sobre cibersegurança e privacidade na Internet está em declínio. A pontuação conjunta obtida por todos os países em 2023 é de 61 pontos, inferior à anterior pontuação global de 64 pontos.

Segundo Marijus Briedis, o CTO da NordVPN, a crescente complexidade das ameaças online e o aumento do número de soluções de cibersegurança faz com que estes resultados não sejam surpreendentes.

“Penso que existem vários motivos pelos quais o conhecimento sobre cibersegurança está em declínio. O primeiro e mais significativo pode estar simplesmente relacionado com crescente o número de atividades online que decorrem dia após dia. Uma pesquisa anterior demonstrou que o cidadão global passa, em média, 27 anos da sua vida online. Outro motivo relaciona-se com os avanços da tecnologia e com a forma como os hackers se conseguem adaptar a estes avanços. Finalmente, existe o equívoco comum de que a cibersegurança é da responsabilidade exclusiva dos provedores de serviços,” diz Briedis.

O questionário mostra que as pessoas têm melhor desempenho em questões sobre riscos online e como evitá-los (73%) e pior em ferramentas online e práticas de segurança (52%).

Globalmente, as pessoas sabem como criar palavras-passe fortes, sendo que 95% dos inquiridos respondeu corretamente a esta pergunta. A maioria das pessoas também sabe que dados confidenciais não devem ser partilhados nas redes sociais (90%) e que guardar os detalhes do cartão de crédito no navegador é arriscado (88%).

No entanto, apenas uma pequena percentagem (3%) das pessoas conhece ferramentas que protegem a sua privacidade digital e apenas 11% sabe quais são os dados que os ISPs recolhem como parte dos metadados.

Da mesma forma, poucas pessoas entendem a importância de ler os termos de serviço de aplicativos e serviços online (31%). Felizmente, esta métrica está a aumentar mais rapidamente do que outras (apenas 21% dos inquiridos prestaram atenção aos termos e condições em 2021).

No que às ciberpessoas diz respeito, apenas 1% de todos os participantes são Cibernautas (muito pouco conhecimento sobre cibersegurança). 15% de todos os inquiridos são Ciberestrelas (muito conhecimento sobre cibersegurança).

Curiosamente, a faixa etária entre os 30 e os 54 anos tem a pontuação mais alta e a maior prevalência de Ciberestrelas. Os resultados sugerem que os jovens e as pessoas com mais de 54 anos precisam de aperfeiçoar as suas competências de cibersegurança

Globalmente, os países com melhor desempenho em termos de conhecimento sobre cibersegurança e privacidade digital são:

• Polónia e Singapura (TNP = 64)
• Alemanha e Estados Unidos (TNP = 63)
• Reino Unido, Áustria e Portugal (TNP = 62)

Veja o relatório do NPT (em inglês) para obter mais informações e comparações entre países.

Quer participar no NPT e ver quantas respostas consegue acertar? Basta visitar o site oficial do National Privacy Test.

O Teste Nacional de Privacidade é uma pesquisa de acesso aberto que qualquer pessoa pode preencher. Em 2023, a pesquisa contou com 26.174 entrevistados de 175 países. O Teste Nacional de Privacidade não é representativo a nível nacional (ou seja, não foram definidas quotas de idade ou sexo). O relatório ao qual nos referimos usa dados da pesquisa coletados até 19 de julho de 2023. Quaisquer diferenças entre o relatório e os resultados da página devem-se ao facto de os participantes responderem à pesquisa após 19 de julho.