Teste Nacional de Privacidade revela: brasileiros têm a quinta maior pontuação
O Teste Nacional de Privacidade (NPT) é uma pesquisa global que permite que pessoas em todo o mundo avaliem sua consciência em cibersegurança e privacidade digital. Os resultados mais recentes mostram que, embora a consciência global sobre a segurança cibernética esteja diminuindo, os participantes brasileiros mantiveram algumas das pontuações mais altas e se posicionaram em quinto lugar no ranking. Vamos analisar mais a fundo.
Tabela de Conteúdo
Sobre o Teste Nacional de Privacidade
O Teste Nacional de Privacidade é uma pesquisa internacional desenvolvida para ajudar pessoas do mundo todo a descobrirem o quanto sabem sobre segurança e privacidade online. A pesquisa consiste em 22 perguntas sobre diversos tópicos relacionados à segurança cibernética, abrangendo hábitos digitais diários, consciência sobre privacidade e ameaças à segurança cibernética.
Milhares de participantes, de 175 países em todo o globo, participaram da pesquisa este ano. Analisamos os 25 mercados com mais respostas — e os resultados mostram algumas diferenças fascinantes entre os países.
A cada país foi atribuída uma pontuação no Teste Nacional de Privacidade com base no desempenho de seus participantes. Nossos analistas de dados também categorizaram os participantes em quatro tipos de usuários (ou ciberpersonas) de acordo com o número de respostas corretas.
Antes de nos aprofundarmos nas descobertas, vamos esclarecer como calculamos a pontuação do Teste Nacional de Privacidade (NPT) e como determinamos as ciberpersonas.
Como calculamos a pontuação do NPT
A pontuação do NPT é calculada usando as médias de outras três pontuações: vida digital diária, consciência de privacidade e tolerância ao risco digital. Como o teste tem 22 perguntas, cada uma tem o valor de 4,5%. Quanto mais perguntas um participante responder corretamente em cada categoria, maior será sua pontuação no NPT.
O que são ciberpersonas?
As ciberpersonas são grupos de participantes que representam diferentes níveis de conhecimento e habilidades em segurança cibernética com base nas suas pontuações no Teste Nacional de Privacidade. Aqui estão as personas e suas pontuações do NPT correspondentes:
- Ciberandarilho. Os ciberandarilhos têm as pontuações mais baixas do NPT (1-24%) e não conhecem o suficiente sobre segurança digital e privacidade para se manterem seguros online.
- Ciberturista. Os ciberturistas têm pontuações médias no NPT (25-49%) e sabem mais do que os ciberandarilhos – mas não o suficiente.
- Ciberaventureiro. Os ciberaventureiros demonstram uma compreensão e consciência relativamente boas sobre questões de segurança e privacidade online. Suas pontuações no NPT estão entre 50% e 74%.
- Ciberestrela. As ciberestrelas são os participantes de melhor desempenho, com excelente consciência, conhecimento e habilidades em segurança cibernética. Suas pontuações no NPT estão entre 75% e 100%.
O que os resultados mostram?
De uma forma geral, o Brasil foi um dos melhores países em termos de conhecimento sobre cibersegurança e privacidade online. Seus melhores resultados foram em relação ao reconhecimento dos riscos presentes na internet e quanto às estratégias para evitá-los. Vejamos isso em detalhes.
Quais são as principais conclusões?
O Teste Nacional de Privacidade mostra que os brasileiros sabem como criar senhas fortes e eficientes para proteger suas contas na internet, mas têm muito pouco conhecimento sobre as ferramentas online disponíveis para aumentar a segurança de sua privacidade digital. Aqui estão os principais destaques:
- A maioria dos entrevistados do Brasil sabe como criar uma senha forte (96%), o que é crucial para proteger as contas virtuais contra criminosos cibernéticos.
- Os brasileiros também sabem como lidar com ofertas suspeitas de streaming. Quando questionados sobre anúncios que ofereciam assinaturas por preços abaixo do oficial, 94% disseram que não aceitariam a proposta porque, muito provavelmente, as contas eram ilegais.
- A maior parte dos brasileiros entende que dados confidenciais não devem ser compartilhados em redes sociais, como Instagram e Facebook (83%). Eles têm consciência de que informações como sua localização ou detalhes pessoais podem lhes oferecer riscos caso estejam publicamente visíveis — afinal, nunca se sabe quem poderá usar esses dados com propósitos maliciosos, como cyberbullying ou roubo de identidade.
- Os entrevistados do Brasil também são devidamente cuidadosos quando o assunto é salvar seus dados de cartão de crédito nos navegadores. Quando perguntados se optariam ou não por guardar tais informações após uma compra, 88% deram uma resposta negativa.
- Embora as pontuações brasileiras sejam altas em grande parte das questões, apenas 2% dos respondentes sabiam, de fato, quais ferramentas online usar para proteção da privacidade digital. De mesmo modo, somente uma pequena porção (11%) tinha conhecimento de que tipos de dados os provedores de internet coletavam como parte dos metadados.
Ciberpersonas no Brasil
O Brasil tem um maior número de Ciberaventureiros (78%), e menos Ciberestrelas (9%) do que qualquer outro país.
Em consonância com o resto do mundo, apenas 1% dos entrevistados foi classificado como Ciberandarilho (isto é, parte do grupo de usuários que não têm nenhum conhecimento sobre cibersegurança).
Quais são as maiores mudanças desde 2021?
Em relação a 2021, mais brasileiros reconhecem a importância de atualizar seus aplicativos o quanto antes. Em 2023, 77% dos entrevistados alegaram realizar as atualizações assim que elas estão disponíveis. Há dois anos, apenas 64% afirmava fazer o mesmo.
Além disso, a pontuação geral do Brasil no NPT quase dobrou, indo de 33%, em 2021, para 60%, em 2023. Isso demonstra um aumento na consciência em cibersegurança no país, sobretudo em relação ao uso das redes sociais. Em 2021, 45% dos entrevistados afirmavam compartilhar publicamente todos os dados pessoais que essas plataformas lhes solicitavam, incluindo endereço de e-mail, nome completo e número de telefone. Uma estatística chocante para um país do porte brasileiro.
Uma visão geral dos resultados globais
Globalmente, o estudo revela que a consciência global sobre privacidade e segurança cibernética está diminuindo. A pontuação total deste ano foi de 61 pontos em 100 (em comparação com 64 no ano passado).
De acordo com Marijus Briedis, CTO da NordVPN, este declínio não é surpreendente, considerando o aumento da complexidade das ameaças online e o número crescente de soluções de segurança cibernética.
“Acho que existem alguns motivos por que o conhecimento sobre segurança cibernética está diminuindo globalmente. O primeiro e mais importante pode ser o grande volume de atividades online e interações digitais que as pessoas realizam diariamente. Nossa pesquisa anterior mostrou que as pessoas em todo o mundo passam mais de 27 anos de suas vidas online. Em segundo lugar, à medida que a tecnologia continua a avançar, os cibercriminosos também adaptam as suas táticas, tornando difícil para o usuário comum acompanhar. Além disso, existe um equívoco comum de que a segurança cibernética é responsabilidade exclusiva dos prestadores de serviços”, afirma Briedis.
A pesquisa mostra que as pessoas têm melhor desempenho em questões relacionadas a riscos online e como evitá-los (73%) e pior em ferramentas online e práticas de segurança (52%).
Globalmente, as pessoas sabem como criar senhas fortes, com 95% respondendo corretamente a essa questão. A maioria das pessoas também sabe quais dados confidenciais devem evitar compartilhar nas redes sociais (90%) — e tem consciência dos riscos de se salvar detalhes de cartões de crédito no navegador (88%).
No entanto, em todo o globo, apenas uma pequena percentagem (3%) das pessoas conhece as ferramentas que podem ser usadas para proteger a sua privacidade digital e apenas 11% sabem quais os dados que os provedores de internet recolhem como parte dos metadados.
Da mesma forma, poucas pessoas entendem a importância de se ler os termos de serviço de aplicativos e serviços online (31%). A boa notícia, por outro lado, é que essa métrica vem crescendo mais rapidamente do que outras (apenas 21% dos entrevistados prestaram atenção aos termos e condições em 2021).
Quando consideramos as ciberpersonas, apenas 1% de todos os participantes são classificados como Ciberandarilhos, ou seja, como usuários que têm muito pouco conhecimento de segurança cibernética. Em contrapartida, 15% de todos os entrevistados globalmente são Ciberestrelas.
Curiosamente, pessoas entre 30 e 54 anos têm as pontuações mais altas e uma maior probabilidade de serem Ciberestrelas. Os resultados sugerem, portanto, que os jovens e as pessoas com mais de 54 anos precisam de aperfeiçoar suas competências em cibersegurança e melhorar os seus hábitos de privacidade online.
De forma global, os países com os melhores desempenhos em relação à consciência em cibersegurança e privacidade são:
- Polônia e Singapura (NPT = 64)
- Alemanha e Estados Unidos (NPT = 63)
- Reino Unido, Áustria e Portugal (NPT = 62)
Veja o relatório do Teste Nacional de Privacidade para maiores informações a nível mundial e comparações entre os países.
Quer participar do Teste Nacional de Privacidade e ver quantas respostas você consegue acertar? Preencha a pesquisa no site oficial do Teste Nacional de Privacidade.
Metodologia
O Teste Nacional de Privacidade é uma pesquisa de acesso aberto que qualquer pessoa pode preencher. Em 2023, o estudo contou com 26.174 entrevistados, de 175 países. O Teste Nacional de Privacidade não é representativo a nível nacional (ou seja, não foram definidas quotas de idade ou gênero). O relatório a que nos referimos nesta publicação do blog usa os dados da pesquisa coletados até 19 de julho de 2023. Quaisquer diferenças entre o relatório e os resultados da página Web se devem ao fato de haverem mais respostas após 19 de julho.