Como testar se seu celular está espionando você?
Imagine estar navegando pelo Facebook quando você se depara com um anúncio estranho. É sobre algo que você sabe que nunca se interessou antes. Você ignora, pensando se tratar de uma segmentação de anúncios malfeita até começar a vê-lo de novo e de novo. Então, você se toca — ei, isso não é algo que seu amigo mencionou recentemente quando conversou com você? Parece que a única maneira de seu telefone achar que você está interessado neste assunto é se ele estivesse ouvindo todas as suas conversas.
Dependendo do sistema operacional, dos aplicativos e das configurações do seu celular, ele pode estar ouvindo quando você menos espera. Continue lendo para descobrir como testar se seu celular está espionando você.
Montando uma armadilha para o seu celular
Para começar, gostaria de contar uma história sobre nossa experiência com esse teste. Meus colegas de trabalho e eu escolhemos alguns tópicos que tínhamos certeza de que nenhum de nós havia discutido recentemente e que nunca havíamos pesquisado no Google:
- Laura escolheu uma viagem ao Alasca;
- Eu escolhi a compra de um novo Volvo;
- Peter escolheu a adoção de um lagarto de estimação.
Colocamos nossos celulares na mesa e conversamos sobre todos esses assuntos por alguns minutos, três dias seguidos. Começando pela vida selvagem do Alasca, cães de trenó e os próximos feriados, seguindo com diferentes modelos de Volvo e terminando com geckos e camaleões.
Todos concordamos em monitorar de perto os anúncios que receberíamos em nossos celulares para ver se algum deles estava relacionado aos tópicos escolhidos.
Como testar seu celular?
- Selecione um bom tópico. Deve ser algo bem distante da sua zona de conforto e que não possa ser associado à sua personalidade.
- Isole o tópico do seu celular. É extremamente importante que você não selecione esse tópico numa distância que permita ao seu celular ou a qualquer outro dispositivo ouvir. Não use seu celular para buscar informações sobre esse assunto. A melhor forma de fazer isso é manter o tópico em sua cabeça. Se não puder fazer isso, desligue seu celular completamente ou esconda-o num espaço à prova de som antes de discutir a ideia com qualquer pessoa. Certifique-se de não ter jamais pesquisado o assunto no Google.
- Selecione palavras-chave. Pense numa lista de palavras que possam servir de gatilho para mecanismos de busca. Tomemos o Alasca como exemplo. Algumas palavras-chave poderiam incluir “feriado no Alasca”, “passeios no Alasca”, “voos para o Alasca”, “hotéis no Alasca”, ou “o que fazer no Alasca”.
- Discuta o tópico em voz alta próximo do seu celular. Você pode fazer isso sozinho ou com outra pessoa por vários minutos por vez. Faça isso por alguns dias em sequência. Certifique-se de não pesquisar o assunto de nenhuma outra forma, o único contato do seu celular com o tópico deve vir de escutar você falando sobre ele.
O que descobrimos?
Os resultados do teste foram mistos.
Nenhum de nós se deparou com anúncios de répteis. Peter tem um cachorro e é constantemente bombardeado com anúncios de pet shops locais, veterinários e treinadores de cães. Ele nunca recebe anúncios sobre gatos, papagaios ou outros animais de estimação, o que significa que seu celular sabe exatamente do que Peter precisa.
O Alasca também não apareceu em nossos feeds. Laura e eu recebemos alguns anúncios oferecendo passagens aéreas, mas as festas de fim de ano se aproximavam e nós dois éramos viajantes ávidos. É difícil afirmar se esses anúncios estavam ligados ou não à nossa discussão no escritório.
Mas quando comecei a pensar que esses rumores alegando que nossos celulares nos ouviam eram uma farsa, os anúncios da Volvo apareceram. Eu não tenho interesse em ter um carro nem nunca pesquisei carros online. E Peter e Laura não viram nenhum anúncio relacionado a fabricantes de automóveis.
O que isso prova?
Imagine quanta informação os mecanismos de busca sabem sobre nós: nossa idade, localização, sexo, hobbies, histórico de trabalho e restaurantes favoritos. Com base nas coisas que revelamos sobre nós mesmos online e em nosso histórico de pesquisa, os profissionais de marketing podem traçar um quadro detalhado de nossas personalidades.
Estou na faixa dos trinta anos, moro na cidade e trabalho em uma empresa de segurança cibernética. Costumo ler sobre a tecnologia mais recente e, ocasionalmente, assisto à Fórmula Um. Isso seria o suficiente para acionar os anúncios da Volvo? É possível, mas não provável. Não posso afirmar com certeza se meu telefone estava me ouvindo, analisando minha fala e me direcionando para anúncios ou se isso foi apenas uma mera coincidência.
Os resultados do teste também podem depender do dispositivo que você está usando e de suas configurações. Como os leitores de nosso blog provavelmente estão mais preocupados com sua privacidade do que o usuário médio da internet, seus resultados podem variar. Os resultados também podem ser diferentes de pessoa para pessoa, já que a segmentação de anúncios pode usar uma série de pontos de dados distintos sobre os indivíduos, mas, em alguns casos, as correspondências são bastante estranhas.
Os segredos dos assistentes virtuais
Quando você aciona um comando especial em seu smartphone, ele reconhece sua voz e se prepara para executar seus pedidos. Amazon, Microsoft, Google, Apple e outras empresas de tecnologia analisam alguns dos dados que você fornece ao seu assistente virtual para melhorar seus serviços. Alguns críticos dizem que eles fazem isso mesmo que o usuário tenha restringido suas permissões.
Os gigantes da tecnologia negaram várias vezes todas as acusações de que eles podem estar ouvindo você mesmo quando seu assistente virtual está no modo de espera. No entanto, isso não é exatamente verdade. Um relatório revelou que a Siri da Apple pode ser ativada por engano e, em seguida, registrar assuntos privados. Com as configurações corretas habilitadas, eles também se reservam o direito de usar esses dados para veicular seus anúncios.
Posso confiar no Google?
Em 2019, o Google admitiu que 1.000 gravações de conversas de clientes vazaram de uma empresa terceirizada para um meio de comunicação belga. Algumas gravações continham informações privadas, como endereços residenciais, condições médicas e até mesmo ligações comerciais.
Algumas gravações continham dados suficientes para identificar algumas das pessoas que estavam falando nelas. O porta-voz da companhia alegou que o vazamento aconteceu porque uma de suas empresas contratadas violou suas políticas de segurança e privacidade.
Se o Google não puder confiar em suas próprias firmas contratadas, como podemos confiar nossos dados a elas?
Como proteger sua privacidade?
- Revise as permissões dos seus aplicativos. Alguns aplicativos podem querer acessar seu microfone sem nenhum motivo. Isso pode permitir que agentes mal-intencionados espionem você em segundo plano ou coletem dados de segmentação de anúncios quando você não quer ninguém escutando. Acesse as configurações do seu smartphone e certifique-se de que os aplicativos podem acessar apenas as funcionalidades necessários para que façam seu trabalho.
- Exclua suas atividades. A Apple, o Google e outros provedores de serviço permitem a exclusão do histórico de ditado. Você também pode desativar a gravação de áudio para evitar que, algum dia, termine no meio dos vazamentos.
- Não compartilhe coisas demais com seu assistente virtual. Recomendamos que você escolha cuidadosamente quais informações vai ditar ao seu celular. Quanto menos ele souber, melhor.
- Use uma VPN para iPhone ou Android. Instalar uma VPN em seu smartphone e aumentar sua privacidade também não é uma má ideia. Uma VPN criptografa seu tráfego de internet e oculta seu endereço IP, portanto, se alguém interceptar seus dados, eles não serão capazes de visualizá-los nem de revelar sua localização.
Com a NordVPN, você pode proteger até seis dispositivos diferentes. Já que não apenas smartphones, como também notebooks, tablets e até caixas de som inteligentes são vulneráveis a bisbilhoteiros, uma VPN pode ajudar você a manter os olhos curiosos bem longe.
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