A frequência de uso de chatbots
O Brasil já se destaca entre os países com maior uso de ferramentas de IA. Na pesquisa realizada pela NordVPN, 22% dos participantes do sexo masculino afirmaram usar ferramentas de chatbots todos os dias contra 21% das mulheres (o que mostra que há quase que uma igualdade entre os gêneros no acesso e uso dessas ferramentas). Entre os homens, 27% afirmaram usar o recurso semanalmente, enquanto 21 % das mulheres informaram usar chatbots ao menos uma vez por semana.
Na outra ponta, 20% dos homens e 28% das mulheres afirmaram nunca usar essas ferramentas, o que mostra médias maiores do que a dos usuários que utilizam estes recursos e mostra que, mesmo entre os países com maior uso de IA, ainda há uma grande parcela de brasileiros que não interagem com alguns desses recursos.
As faixas etárias que mais usam chatbots são dos 18 aos 24 e dos 25 aos 34 anos, e as pessoas que menos usam esse recurso estão na casa dos 55 aos 74 anos. Entre os entrevistados do grupo etário de 18 a 24 anos, apenas 15% responderam jamais usar chatbots em comparação com 63% dos entrevistados do grupo etário de 65 a 74 anos que afirmou nunca usar essa tecnologia. As gerações Z e Y, pessoas com maior faixa de renda e profissionais em cargos de gerência apresentam as maiores taxas de uso de tecnologias como autenticação biométrica e chatbots de IA.
Como os brasileiros interagem com biometria e QR codes
Os dados da NordVPN abrangem três tipos de leitores usados em autenticação: scanners faciais, scanners digitais e scanners de olhos (scanners oculares). A verificação de digitais é a mais usada entre os brasileiros, com 43% dos homens e 39% das mulheres usando o recurso diariamente. O recurso menos usado é o da autenticação ocular, com apenas 8% dos homens e 10% das mulheres afirmando usar esse tipo de tecnologia todos os dias. E 23% dos homens e 30% das mulheres entrevistadas informaram utilizar leitores faciais todos os dias.
Entre a geração Z (18 a 27 anos), a autenticação favorita é a leitura de digitais, com 44% usando o recurso diariamente. A taxa é quase igual à da geração Y (ou millennials), dos 28 aos 43 anos, com 48% informando manter um uso diário de recursos de biometria.
Em relação ao uso de leitores de QR code, a taxa de uso é quase a mesma entre os sexos: 25% dos homens e 27% das mulheres usam o recurso todos os dias, e só 6% dos homens e 5% das mulheres informaram nunca usar leitores de códigos QR.Entre as faixas etárias, as mais jovens são as que mais usam o recurso diariamente (33% tanto para a geração Z quanto para a geração Y) e as mais velhas são as que menos usam o recurso no cotidiano (16% de uso diário entre a geração X e 14% entre a geração Baby Boomer).
As diferenças sociais refletidas no uso das tecnologias
As desigualdades sociais também se refletem na diferença de uso e acesso aos recursos tecnológicos. Entre os brasileiros com maior faixa de renda, 81% usam qualquer tipo de recurso biométrico pelo menos uma vez por semana, 68% usam leitores de digitais semanalmente, 57% usam leitores faciais e 25% usam leitores oculares semanalmente. E entre os entrevistados de renda alta 73% usam leitores de código QR e 64% usam chatbots todas as semanas.
Entre os entrevistados de renda média, o uso semanal de qualquer tipo de recurso biométrico cai para 64%, o de leitores de digitais para 52% e o dos leitores faciais para 35%, com uma queda ainda mais brusca para 14% de uso semanal de leitores oculares. Nas classes médias, o uso semanal de leitores de código QR é de 52% e o de chatbots de IA é de 36%.
Nas classes de rendas mais baixas, menos da metade dos entrevistados usa qualquer tipo de autenticação biométrica semanalmente: só 49% responderam que usam algum recurso de autenticação semanalmente. Mesmo em relação ao recurso mais usado em geral, que é o de leitores de digitais, só 37% responderam fazer uso semanal dele.
Os números caem ainda mais para o uso de leitores faciais e leitores oculares, com respectivamente 28% e 9 % informando usar os recursos ao menos uma vez por semana. Só 43% dos participantes de rendas mais baixas usam leitores de código QR semanalmente, e o índice cai para 30% em relação aos chatbots de IA.
As categorias profissionais dos brasileiros e o reflexo no uso de tecnologias de biometria e IA
Essa desproporcionalidade entre as faixas de renda se reflete nos diferentes níveis e tipos de status profissionais. Entre os desempregados, só 51% utilizam qualquer tipo de recurso de autenticação biométrica ao menos uma vez por mês, e os números caem para 35% no uso mensal de leitores de digitais, 27% para leitores faciais e 10% para leitores oculares. Só 34% dos desempregados usam leitores de QR code mensalmente e apenas 16% interagem com chatbots de IA.
Os números sobem entre os profissionais mais qualificados e cargos de gerência, com 85% fazendo uso de qualquer tipo de biometria mensalmente, 76% usando leitores de digitais, 64% interagindo com leitores faciais e 34% com leitores oculares ao menos uma vez por mês (uma taxa alta para o recurso de leitura ocular, que apresenta os índices mais baixos entre praticamente todos os grupos sociais, faixas etárias, gêneros e médias salariais). 87% usam leitores de código QR e 73% interagem com chatbots mensalmente.
Entre os estudantes, os números são um pouco maiores que entre os desempregados, mas menores em comparação com as demais categorias. Nesse grupo, 82% usam qualquer tipo de ferramenta de autenticação ao menos uma vez por mês (1% a mais do que o grupo de outros profissionais). Em relação ao uso mensal de leitores de digitais, leitores faciais e leitores oculares, os índices são de 76%, 55% e 24%, respectivamente. O uso mensal de leitores de código QR é de 88% e o de chatbots de IA é de 79% entre os estudantes.
Como as diferentes faixas etárias lidam com recursos de IA e biometria
O estudo mostrou que as faixas etárias mais jovens usam mais essas tecnologias em geral em comparação com as faixas etárias mais velhas. Entre os entrevistados de 65 e 74 anos, por exemplo, só 58% disseram usar ao menos um tipo de biometria pelo menos uma vez por mês em comparação com 63% dos entrevistados entre 55 e 64 anos. O índice é maior entre os entrevistados de 25 a 34 anos (87%), que é quase igual ao dos entrevistados de 35 a 44 anos (85%) e de 45 a 54 anos (79%).
Ao contrário do que muitos podem pensar, a faixa etária mais jovem (de 18 a 24 anos) não é a que mais usa esses recursos. Com 83% respondendo fazer uso de pelo menos um recurso biométrico mensalmente, eles ficaram atrás dos usuários entre 25 e 54 anos.
Dos 65 aos 74 anos, apenas 43% usam leitores de código QR semanalmente, e a porcentagem cai para 12% em relação ao uso de chatbots de IA. Em contraste, o grupo etário com os maiores índices é o dos participantes de 25 a 34 anos, com 79% respondendo usar recursos biométricos ao menos uma vez por semana e índices de 64% para leitores de digitais, 58% para leitores faciais e 21% (empatados com os entrevistados de 35 a 44 anos) para leitores óticos em termos de uso semanal. A única categoria na qual essa faixa etária perde é a de scanners oculares, ficando atrás dos participantes de 18 a 24 anos que alcançaram a porcentagem de 23%).
Em relação ao uso de chatbots de IA, só 4% dos participantes de 65 a 74 anos faz uso diário deles e 63% disseram nunca interagir com eles. Os números são maiores entre os entrevistados de 18 a 24 anos, com 32% interagindo todos os dias com chatbots de IA e apenas 15% dizendo nunca usar esses recursos.
A pesquisa demonstra que os grupos etários mais velhos não utilizam tanto os recursos de biometria e certas tecnologias, mas também mostra que faixas etárias intermediárias (de 25 a 44 anos) mostram índices superiores ao dos mais jovens (de 18 a 24 anos) em diversos pontos.
Na outra ponta, 11% evitam usar impressões digitais para entrar em apps nos dispositivos móveis, 9% não gostam de usar autenticações biométricas ao invés de senhas tradicionais, 13% não confiam que as empresas mantém os dados biométricos em segurança, 31% se preocupam que criminosos possam ter acesso aos seus dados de biometria e 8% nunca usam recursos de biometria nos dispositivos.
Com quais objetivos os brasileiros usam ferramentas de IA?
Entre os brasileiros que participaram da pesquisa, em termos de uso mensal, 38% usam chatbots de IA para receber assistência em geral durante o tempo livre, 39% durante o trabalho e 22% durante os estudos, o que mostra que o uso de IA entre os brasileiros tem um certo equilíbrio entre lazer e finalidades mais específicas e direcionadas. E 33% usam IA para criar imagens.
Em comparação com os demais países, as médias brasileiras são maiores. Entre os alemães, por exemplo, o uso mensal desses recursos cai para 31% durante o tempo livre, 23% para assistência no trabalho e apenas 9% nos estudos, e só 24% usam ferramentas de IA para gerar imagens.
As preocupações dos brasileiros em relação às ferramentas de IA e leitores biométricos
Entre os brasileiros que fazem uso semanal de ferramentas de IA, apenas 26% disseram ter confiança de conseguir identificar imagens de deep fake geradas por IA (contra 8% dos japoneses, 18% dos italianos e 13% dos alemães). As preocupações com o impacto da IA no mercado de trabalho também estão presentes no estudo e 16% dos brasileiros responderam que sentem preocupação com a possibilidade de serem substituídos por ferramentas de IA em suas profissões.
Na amostragem brasileira, 22% dos brasileiros que fazem uso semanal de recursos de IA disseram ter preocupação com o fato de que a IA pode estar se desenvolvendo rápido demais e 17% responderam que sentem frustração quando as empresas usam chatbots de IA para dar suporte e atendimento ao invés de usar profissionais humanos. 24% disseram não compartilhar dados pessoais com recursos de IA porque não confiam totalmente neles e 4% afirmam já ter sofrido golpes que usaram recursos de inteligência artificial.
Em relação aos recursos de leitura biométrica, 50% dos brasileiros afirmaram acreditar que usar essas tecnologias ajuda a manter os dados pessoais mais seguros. O índice é muito maior que o dos outros países que foram incluídos na pesquisa: só 28% dos alemães demonstram essa confiança, seguidos por 27% dos italianos e apenas 22% dos japoneses.
Sobre preferências pessoais, 33% dos brasileiros entrevistados preferem usar leitores de impressões digitais do que senhas tradicionais para entrar nos apps, 18% preferem usar scanner facial para logar em redes sociais e 12% preferem usar scanner ocular para entrar nas contas de mídias sociais. Outro dado interessante é que 36% afirmam que só compartilham dados biométricos com empresas nas quais eles confiem muito, o que mostra que, apesar do nível de confiança maior entre os brasileiros em comparação com as outras nacionalidades, a reflexão sobre privacidade ainda é um elemento muito importante na tomada de decisões sobre o uso desses recursos.
Conclusões importantes
O uso de ferramentas de IA, recursos de leitura e autenticação biométrica e QR code entre os brasileiros é bastante disseminado e se apresenta de formas bem variadas, desde usos mais recreativos até finalidades mais profissionais e voltadas aos estudos. Quando comparados aos dados dos outros países abrangidos no estudo, as estatísticas mostram que os brasileiros possuem, em geral, mais frequência de uso e confiança nessas tecnologias.
Entretanto, o uso é bastante desigual entre as diferentes classes sociais, com as faixas de renda mais baixas tendo menos acesso e usando menos esses recursos, o que pode significar desvantagens muito graves em termos de cibersegurança, principalmente quando se pensa na proteção de contas e dados pessoais.
E, mesmo com o uso generalizado desses recursos, os brasileiros mostram muita preocupação com os problemas de segurança relacionados a eles, os impactos no mercado de trabalho e na privacidade dos dados, além das maiores possibilidades de golpes online com recursos avançados de IA.
Só que, infelizmente, nem sempre essas preocupações se traduzem em um maior nível de busca por conhecimento, capacitação e instrução sobre o uso desses recursos, já que apenas 32% dos entrevistados brasileiros que usam chatbots de IA mensalmente disseram procurar se educar sobre recursos de IA para conseguir se adaptar da melhor forma a essas tecnologias, atrás dos japoneses (38%), italianos (38%) e alemães (36%). Isso mostra que ainda há um imenso desafio em termos de acessibilidade, democratização e conscientização sobre essas tecnologias e os impactos que elas podem causar, assim como o melhor modo de utilizá-las de forma consciente, segura, saudável e produtiva.
Metodologia da pesquisa
A NordVPN conduziu a pesquisa com 1000 entrevistados brasileiros entre 18/11/2024 e 28/11/24. Intitulada Attitudes to biometrics, QR codes, and AI, PR campaign (Atitudes em relação às biometrias, códigos QR e IA, campanha de Relações Públicas), ela foi realizada na Alemanha, Itália, Japão e Brasil com entrevistados entre 18 e 74 anos abrangendo diferentes classes sociais, categorias profissionais, homens e mulheres para ter um quadro mais amplo dessas demografias e o modo como elas lidam com os recursos tecnológicos abordados no estudo.
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